dimanche 6 octobre 2013

Bispo do Rosário e Eu








Bispo do Rosário, com suas mãos de navegante traçou linhas de criação do impensável tanto à direita quanto ao avesso na planície do tecido de sua humanidade.

Com delicadeza e respeito me atrevo a dizer que ele foi um “cimarrón*-beija-flor”, as luzes resistentes de um homem negro dentro do ritual de degradação do indivíduo no sistema de tratamento interno na colônia psiquiátrica brasileira de sua época, como um beija-flor recebia e dava néctares à voz de sua sombra e nos dias de hoje poliniza meu espírito.

*Cimarrón: termo do período colonial de Cuba, atribuído a escravos que escapavam do cativeiro para viver e resistir em liberdade.

























O fotógrafo Walter Firmo expõe, na íntegra, seu ensaio sobre o artista plástico que viveu em hospital psiquiátrico

A CAIXA Cultural Rio de Janeiro apresenta, de 15 de setembro a 10 de novembro, a exposição “Walter Firmo: um olhar sobre o Bispo do Rosário”, que reúne a obra de dois importantes nomes da arte brasileira – um por trás da câmera, o outro em foco. A mostra é composta por 28 fotografias, produzidas em 1985, além de um vídeo dirigido pela curadora, a psicanalista Flavia Corpas. O projeto tem o patrocínio da Caixa Econômica Federal e do Governo Federal

Na mostra, a produção artística de Arthur Bispo do Rosário vem a público em perspectiva, sob o olhar de Walter Firmo. O ensaio fotográfico foi ambientado na antiga Colônia Juliano Moreira (RJ), local onde Bispo viveu e produziu suas criações, durante 25 anos ininterruptos. O vídeo relata, por meio de entrevista, a experiência vivida pelo fotógrafo Firmo e pelo jornalista José Castello durante os três dias em que estiveram com o artista, em 1985.

“A exposição convida o espectador a percorrer uma trajetória de imagens, enfocando tanto aquilo que marcou Firmo, em seu encontro com Bispo, que foi traduzido pelo fotógrafo com o uso de sombras por todo o ensaio, quanto algo que é fundamental em Bispo do Rosário: a singular relação do artista com sua obra” declara a curadora.

Mais sobre Arthur Bispo do Rosário:

Bispo do Rosário (1911 – 1989) é considerado um dos maiores artistas contemporâneos brasileiros, de reconhecido valor artístico, nacional e internacional. Em 2012, as obras do artista fizeram parte de 30ª Bienal de São Paulo e também foram apresentadas em uma exposição individual, no Albert and Victoria Museum, em Londres, no âmbito da Olimpíada Cultural, evento das Olimpíadas de Londres. Em 2013, o artista representará, pela segunda vez, o Brasil na Bienal de Veneza. Bispo ficou internado em um hospital psiquiátrico por mais de 25 anos ininterruptos. Em razão disso, sua obra só foi trazida ao público em 1982, por meio do documentário “O prisioneiro da passagem”, do psicanalista e fotógrafo Hugo Denizart, e devido ao interesse do crítico de arte Frederico Morais pela obra do artista.

Mais sobre Walter Firmo:

O carioca Walter Firmo tem, como marca de seu trabalho, o registro de pessoas, personalidades e manifestações da cultura brasileira. A qualidade de suas imagens pode ser notada nos livros “Walter Firmo – Antologia Fotográfica”, “Paris parada sobre imagens” e “Rio de Janeiro cores e sentimentos”, além de diversas participações em livros de fotografia e exposições coletivas. Firmo foi o ganhador do prêmio Esso de reportagem, em 1963, pela série de cinco reportagens “Cem dias na Amazônia de ninguém”. O fotógrafo também foi premiado sete vezes no Concurso Internacional de Fotografia Nikon.











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